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quinta-feira, 14 de março de 2013

Chico Mário

Hoje é aniversário de morte de Chico Mário! Músico, compositor, talvez muitos de vocês não o conheçam. Eu não o conhecia até 2008, quando fiz um trabalho de faculdade sobre ele e seus irmãos, Betinho e Henfil.
Henfil foi o primeiro a falecer, eles eram hemofílicos e durante transfusões de sangue contraíram o HIV.

A história de vida, luta e coragem desses irmãos emocionam e inspiram qualquer brasileiro. Eu, historiadora que sou, amo a História do Brasil, amo estudar a História da Ditadura Militar, e amei conhecer estes personagens que nos ajudam a acreditar que pode haver um lugar melhor para se viver, apesar dos pesares!

Os conheci através deste documentário de Ângela Patrícia Reiniger (2006), onde retrata a vida desses três irmãos, a militância deles e depois, a luta contra a AIDS.

Recomendo este filme, recomendo estes atos para a vida!
Ser alguém que faz a diferença, é isso que importa!

Segue o Trailer do filme -

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Por que?

" É mais do que evidente que ensinar história é antes de tudo um trabalho ideológico, político e social, e não uma questão de normas profissionais.".   


     E chega ao fim mais um bimestre, e eu me pergunto: será que meus alunos aprenderam alguma coisa? Aprenderam sobre algo de História. Mas o que é aprender História? Seria somente aprender a matéria, fazer os trabalhos e passar de ano?
     O que eu quero que meus alunos saibam é mais que isso. É mais que ir com dez no boletim. É mais do que saber datas exatas de acontecimentos determinados. O que eu quero é que eles saibam como usar a história na vida deles, no cotidiano.
É saber o que são ideias iluministas, é saber que foi com a Revolução Francesa que nós tivemos os poderes divididos em Legislativo, Executivo e Judiciário, e o principal, é saber qual a função desses orgãos. É saber que desde a República temos um calendário cívico, e que aí surgiu a ideia de criar um herói nacional, e quem pagou o pato de herói foi o coitado do Tiradentes. Que de quebra ganhou uma imagem parecida com a de Jesus Cristo, para assim conquistar os súditos fiéis, ou fiéis súditos, uma vez que a maior parte da população é cristã, né!
     E o Egito, qual a finalidade de se saber a história do Egito e de seus faraós quando se tem 11 anos apenas?!?!? É, àz vezes me pergunto isso. E como é difícil fazer eles imaginarem essa sociedade, tão distante da realidade deles, e assim entenderem como ela funcionava, e qual a importância disso na vida deles.
     Pois é, uma vez li aquela frase com a qual iniciei o post, eu sempre achei aquilo essencial, e hoje ela é mais que essencial na minha vida, ela da sentido a tudo que eu faço, e espero um dia obter os resultados com cidadãos de caráter e consciência de que ele faz parte da sociedade, e é cada um de nós que vamos fazer a diferença. Por isso, precisamos tanto saber, conhecer, e amar a nossa história!


quarta-feira, 23 de maio de 2012

As temporalidades da vida


E hoje, eu inauguro a seção HISTÓRIA no meu blog. Com ninguém mais, ninguém menos, que Laryssa Goulart, uma grande amiga, de futuro promissor. Com um texto lindo sobre História, ela nos da uma lição de vida, e nos faz parar para pensar. 
Portanto: DELICIEM-SE!

"Hoje ao terminar a leitura de uma obra espetacular intitulada “Uma vida em seis tempos” de Leôncio Basbaum, intelectual comunista, uma série de interrogações invadiu o meu pensamento e gostaria de compartilhá-las com os ilustres leitores, pois dizem respeito à História, ao cotidiano, à memória, à experiência, enfim à temporalidade da nossa existência.
O livro de Basbaum é composto por suas memórias, seus mais de 60 anos de vida são explorados de forma pretensiosa, gerando inúmeras reflexões e posicionamentos. Proveniente da classe média ascendente, o jovem pernambucano vai para o Rio de Janeiro, por volta de 1924, fazer faculdade de Medicina, sonhando ser um grande médico. Mas além da faculdade, encontra também o Partido Comunista do Brasil (PCB), ainda em formação, e acaba envolvido naquela organização, a qual direcionará os próximos 30 anos de sua vida. Abandona o sonho de exercer medicina, apesar de ter se formado, e se torna um ”revolucionário profissional”, perseguido pela polícia foi preso e exilado do país por diversas vezes. Sua relação com o partido e o desejo de modificar a sociedade brasileira se fortalecem com o passar do tempo, abdicando sucessivamente de sua vida confortável e estável para se entregar aos mandamentos da organização, apesar de sua convivência conflituosa com as direções partidárias, que o consideravam apenas “um intelectual pequeno burguês”, e assim em algumas ocasiões foi afastado do partido e humilhado. Nos anos 50, Basbaum percebe que sua juventude havia se esgotado e que nada de concreto havia realizado. Sua insatisfação com a vida era brutal, se sentia inútil por ter sido incapaz de realizar seus sonhos, pois por mais que houvesse lutado e se entregado por inteiro ao partido, não havia modificado nada, perdendo o controle de sua vida.
Assim por volta de 1960 Basbaum abandona o partido, mas jamais o desejo de ser útil ao povo brasileiro. Das frustrações emergem forças para um recomeço, e por fim Basbaum encontra na família e nos amigos, nas leituras e em seus livros publicados, a satisfação de sua vida, e, terminada sua trajetória certo de que fez o possível pela transformação social do país e se não conseguiu tamanha proeza, ao menos deixou um caminho aberto a novas ideias, novas organizações e vertentes políticas com tais determinações.
A partir das memórias de Basbaum, muito mais ricas e profícuas do que o resumo exposto, algumas reflexões surgiram:
Qual o sentido de nossa vida? Existiria um motivo de estarmos neste mundo? Se sim, qual seria? Modificar algo ou apenas ser mais um entre bilhões de pessoas?
E os nossos sonhos, desejos, como realizá-los? Existe a felicidade ou apenas a satisfação pessoal? Somente realizando os sonhos conseguimos alcançá-las?
Como lidar com os rumos que a vida nos leva sem a nossa aprovação? Pois, os acontecimentos, de alguma forma, têm uma existência autônoma e estão sempre em movimento e assim a vida nos leva a caminhos jamais imaginados e muitas vezes indesejados.
Enfim, como conciliar o presente, passado e futuro, como delinear a nossa história integrada à história de tantas outras vidas e acontecimentos? Como realizar nossos objetivos com os movimentos involuntários da vida e as situações inusitadas as quais ela nos leva?
Apesar das subjetividades contidas nestas questões, as memórias de Basbaum nos revelam algo muito singular, que geralmente passa despercebido no nosso cotidiano. A nossa existência consiste em adaptação, por mais que façamos planos e tenhamos sonhos, objetivos, dificilmente os concretizamos da forma como imaginamos ou queremos. E mais, a História é viva, está em constante movimento, nós somos os sujeitos da história presente, os protagonistas ativos de nossa existência.  Além disso, o nosso autor mostra que os sonhos não realizados podem ser superados e novos sonhos podem surgir, independente de faixa etária ou social, sempre é tempo de recomeçar, superar. Isto é viver.
Portanto Basbaum não realizou os maiores sonhos de sua vida, ser um grande médico e agente transformador de sua sociedade, mas sempre fiel a seus princípios, a suas ideias, a sua verdade, se eternizou através de suas publicações, pois suas obras são importantes para o estudo da História do Brasil, do marxismo no país e do PCB. Sendo que particularmente, estas memórias, além de sua importância histórica, produzem uma espécie de “despertar da consciência” para um frutífero arsenal de reflexões sobre a nossa própria existência.". 


Laryssa Goulart